História
dos Computadores no Brasil
A informática brasileira desenvolveu-se
em duas etapas. A primeira, de 1958 até
1975, caracterizada pela importação
de tecnologia de países de capitalismo
avançado, principalmente dos Estados Unidos.
O processamento eletrônico de dados era
realizado basicamente em computadores de grande
porte, localizados em grandes empresas e universidades,
bem como em órgãos governamentais
e agências de serviços.
Não havia fabricantes nacionais, embora,
já na década de 70, o volume de
vendas tinha justificado a instalação
das primeiras montadoras multinacionais no Brasil.
Lentamente, porém, começou a desenvolver-se
uma competência tecnológica nacional,
a partir do trabalho de algumas universidades,
como a Universidade de São Paulo, a Pontifícia
Universidade Católicado Rio de Janeiro
e a Universidade Estadual de Campinas.
Em 1972, foi construído na USP o "Patinho
Feio", o primeiro computador nacional, seguido,
em 1974, do projeto G-10, na USP e na PUC do Rio
de Janeiro, incentivado pela Marinha de Guerra,
que necessitava de equipamentos para seu programa
de nacionalização de eletrônica
de bordo.
O interesse de vários segmentos da sociedade
brasileira, notadamente os militares e os meios
científicos, buscando atingir melhor independência
tecnológica para a informática brasileira,
levou à criação, em 1972,
da Capre (Comissão de Coordenação
das Atividades de Processamento Eletrônico),
com o objetivo de propor uma política governamental
de desenvolvimento do setor. Em 1974, foi criada
a primeira empresa brasileira de fabricação
de computadores, a Cobra (Computadores Brasileiros
S.A. ) uma estatal que recebeu a missão
de transformar o G-10 em um produto nacional.
A segunda etapa do desenvolvimento da informática
brasileira caracterizou-se pelo crescimento de
uma industria nacional. Iniciou-se em 1976, com
a restruturação da Capri e a criação
de uma reserva de mercado na faixa de minicomputadores,
para empresas nacionais, além da instituição
do controle das importações. Os
primeiros minicomputadores nacionais, inicialmente
utilizando tecnologia estrangeira, passaram a
ser fabricados por cinco empresas autorizadas
pelo governo federal.
A partir de 1979, a intervenção
governamental no setor foi intensificada, com
a extensão de reserva de mercado para microcomputadores
e com a criação da SEI (secretaria
especial de informática), ligada ao Conselho
de Segurança Nacional, que é desde
então, o órgão superior de
orientação, planejamento, supervisão
e fiscalização do setor.
Em 1984 foi sancionado a lei nº 7232, fixou
a Política Nacional de Informática
e com a qual se oficializou a reserva para alguns
segmentos do mercado, inclusive software, com
duração limitada de oito anos. Com
tais mecanismos de fomento, a informática
nacional chegou a atingir taxas de crescimento
de 30% ao ano em meados da década de oitenta.
O país alcançou em 1986 a Sexta
posição no mercado mundial da informática,
sendo o quinto maior fabricante; além do
Japão e do E.U.A., é o único
país capaz de suprir mais de 80% de seu
mercado interno.
A mais recente etapa do desenvolvimento da informática
do Brasil teve início em 1990, com uma
série de modificações introduzidas
na PNI, com o intuito de adequá-la às
políticas econômicas ditas "liberalizadas"
de maior abertura ao mercado externo, postas em
prática pelo governo Collor.
Estas medidas de "flexibilização",
como foram chamadas, procuraram atender às
reclamações oriundas de diversos
setores industriais que protestavam contra o atraso
tecnológico brasileiro e contra os altos
preços provocados pela reserva; procuravam
também atender aos interesses dos países
desenvolvidos que chegaram estabelecer sanções
comerciais temporárias contra o Brasil,
em virtude da falta de abertura do mercado nacional
para concorrência comercial do exterior.
Aqueles países exigiam também o
fim do que consideravam violações
de seus direitos tecnológicos, como a prática
indiscriminada de cópia ilegal de equipamentos
e de software.
Embora os setores protegidos pela PNI não
tivessem sido desmontados, de a própria
lei estabelecer um prazo máximo de vigência,
ocorreram abrandamentos nos dispositivos legais
que regiam as importações de software
e hardware, a taxação aduaneira,
a limitação de quotas de importação
de insumos industriais, pagamento de conta de
tecnologia, a formação de jointventures
com empresas estrangeiras, afixação
de similaridades. A SEI foi extinta, e a atribuição
de dirigir a política no setor, embora
ainda vinculado ao Conim, passou na prática
para o âmbito da Secretaria Especial de
Ciência e Tecnologia.
Cronologia
1917
- A IBM inicia suas operações no
Brasil. Através de um contrato de prestação
de serviços, surge no Brasil a empresa
norte americana Computing Tabulating Recording
Company, que em 1924, sob a liderança de
Thomas J. Watson, foi registrada nos Estados Unidos
como International Business Machines Corporation
(IBM).
1924 - A IBM é autorizada
a operar no Brasil por um decreto assinado pelo
presidente Arthur Bernardes.
1939
- Inaugurada no Brasil a primeira fábrica
da IBM fora dos Estados Unidos, localizada no
bairro de Benfica, no Rio de Janeiro.
1957
- Chegou um Univac-120, o primeiro computador
no Brasil, adquirido pelo Governo do Estado de
São Paulo, era usado para calcular todo
o consumo de água na capital. Ocupava o
andar inteiro do prédio onde foi instalado.
Equipado com 4.500 válvulas, fazia 12 mil
somas ou subtrações por minuto e
2.400 multiplicações ou divisões,
no mesmo tempo.
1959
- A empresa Anderson Clayton compra um Ramac 305
da IBM, o primeiro computador do setor privado
brasileiro. Dois metros de largura, um metro e
oitenta de altura, ocupava um andar inteiro da
empresa. A empresa foi uma das primeiras fora
dos Estados Unidos a usar esse computador.
1961
- (Zezinho) - Como trabalho de fim de curso de
engenharia eletrônica no ITA e auxílio
financeiro do CNPq de 350 dólares, quatro
alunos, José Ellis Ripper, Fernando Vieira
de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi
auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica
do ITA e professor Richard Wallauschek construiram
o "Zezinho". Com os recursos disponíveis
não foi possivel construir um computador
com grande capacidade de memória, o painel
tinha dois metros de largura por um metro e meio
de altura, foram utilizados cerca de 1500 transistores
e diodos de fabricação nacional,
produzidos pela Ibrape, uma subsidiária
da Philips, tinha capacidade para fazer vinte
operações. Era um computador didático,
para uso em laboratório. Ganhou, entretanto,
lugar na história como o primeiro computador
não-comercial transistorizado totalmente
nacional projetado e construído no Brasil,
embora um sucesso, foi desmontado pelos alunos
das turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos
para novas experiências.
A
Fábrica da IBM, em Benfica-RJ, inicia a
montagem de computadores da linha 1401.
1964
- 01/Dezembro - Criado o Serpro - Serviço
Federal de Processamento de Dados, empresa pública
criada para modernizar e dar agilidade a setores
estratégicos da administração
pública.
1968
- 1º CNI - Congresso Nacional de Informática.
1969
- 24/Julho - Criada a Prodesp - Companhia de Processamento
de Dados do Estado de São Paulo.
1971
- Entra em operação a fábrica
da IBM na cidade de Sumaré/SP.
1972
- 05/Abril - Criado a Capre - Comissão
de Coordenação das Atividades de
Processamento Eletrônico, órgão
governamental cujo objetivo inicial era promover
o uso mais eficiente dos computadores na administração
pública e traçar uma política
tecnológica para a área de informática.
Julho
- Construído o "Patinho Feio"
no Laboratório de Sistemas Digitais - LSD
da Escola Politécnica da USP, foi concebido
como um trabalho de fim de curso. O Patinho Feio
é tido como o primeiro computador, documentado
e com estrutura de computação clássica,
desenvolvido no Brasil. Tinha um metro de comprimento,
um metro de altura, 80 centímetros de largura,
pesava mais de 100 quilos e possuía 450
pastilhas de circuitos integrados, formando 3
mil blocos lógicos distribuídos
em 45 placas de circuito impresso. A memória
podia armazenar 4.096 palavras de 8 bits, ou seja,
4K. O Patinho feio se tornou um marco inicial
porque gerou massa crítica para a consolidação
da indústria de informática no Brasil.
1974
- 18/Julho - Fundação da COBRA -
Computadores e Sistemas Brasileiros Ltda. A Cobra
foi a primeira empresa brasileira a desenvolver,
fabricar e comercializar computadores.
1975
- Fundação do LSI - Laboratório
de Sistemas Integráveis na Escola Politécnica
da USP.
Junho
- Fundação da Scopus, uma das principais
empresas de informática do Brasil. Empresa
criada por um grupo de ex-professores da Poli-USP
que trabalharam no desenvolvimento do minicomputador
G-10.
Agosto
- Lançamento da revista Dados & Idéias.
Revista lançada pelo Serpro para mostrar
a realidade tecnológica no Brasil. Periodicidade
bimestral.
1976
- Março - Lançado o DataNews, tablóide
quinzenal especializado no noticiário sobre
informática, editado pela ComputerWorld
do Brasil.
Fundada
a Prológica em São Paulo, um dos
maiores fabricantes de equipamentos de processamento
de dados, entre eles o Sistema-700 e CP-500, ambos
micros de 8 bits e o SP-16, compatível
com PC-XT.
1978
- Janeiro - Fundada a SID - Sistemas de Informação
Distribuída S/A.
Julho
- Fundada em Porto Alegre a SBC - Sociedade Brasileira
de Computação. A SBC é uma
instituição acadêmica que
incentiva e desenvolve pesquisa científica
na área da computação no
Brasil.
1979
- 09/Outubro - Criado a SEI - Secretaria Especial
de Informática. Após ampla reestruturação
dos órgãos governamentais responsáveis
pelo setor de informática, a Capre foi
substituída pela SEI na formulação
da Política Nacional de Informática.
Fundada
a Elebra Informática S/A, grande fabricante
de impressoras, entre elas a matricial Emília.
1980
- Pela primeira vez um microcomputador era vendido
em um grande magazine. Entre vitrinas com eletrodomésticos,
ofertas de cama, mesa e banho, muidezas, câmaras
fotográficas e calculadoras, o Mappin da
Praça Ramos, no centro de São Paulo,
vendia o D-8000, microcomputador da Dismac.
Lançado
pela Cobra na SUCESU de 1980 o primeiro minicomputador
totalmente projetado, desenvolvido e fabricado
no Brasil a alcançar o mercado, o Cobra
530.
1981
- Fundação da Microdigital, foi
na primeira metade da década de 80 o maior
fabricante nacional de microcomputadores. Famosa
pelos seus micros da linha Sinclair como o TK-85,
TK-90X e TK-95.
Desenvolvido
o Sistema 700 da Prológica, microcomputador
de uso profissional de 8 bits.
Outubro
- Lançamento da revista MicroSistemas,
primeira publicação brasileira dedicada
exclusivamente aos microcomputadores.
16
- 23/Outubro - Realizada a I Feira Internacional
de Informática no Pavilhão de Exposições
do Parque Anhembi/SP, teve 117.253 visitantes
e 183 expositores. Foi um evento paralelo à
realização do XIV CNI - Congresso
Nacional de Informática.
23/Outubro
- Inaugurado o 1º laboratório de microinformática
no Brasil, instalado numa sala dentro da biblioteca
da Faculdade de Economia e Administração
da USP, tinha cinco microcomputadores D-8000,
cedidos pela Dismac. O laboratório era
aberto a todos os alunos da universidade.
1982
- Fevereiro - Fundado o IBPI - Instituto Brasileiro
de Pesquisa em Informática, instituto criado
para o ensino de profissionais de informática,
no Rio de Janeiro/RJ.
1983
- Março - Lançado o microcomputador
EGO pela empresa Softec, primeiro microcomputador
brasileiro a utilizar a tecnologia dos microprocessadores
de 16 bits, compatível com o IBM PC, era
baseado no microprocessador 8080 da Intel e clock
de 5 MHz.
1984
- Lançado pela Telesp - Companhia Telefônica
do Estado de São Paulo o primeiro sistema
de videotexto brasileiro. O teste piloto ocorreu
de 1982 a 1984 com 1.500 assinantes da Telesp.
29/Outubro
- Sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia
os princípios, objetivos e diretrizes da
Política Nacional de Informática,
estava criada a reserva de mercado de informática
no Brasil.
1985
- Agosto - Fundada a Gradiente Informática,
fabricante do Expert, microcomputador de 8 bits
da linha MSX.
1986
- 09/Setembro - Fundada em São Paulo a
ABES - Associação Brasileira das
Empresas de Software.
1987
- Criação da Fácil Informática,
empresa desenvolvedora do editor de textos Fácil.
24
- 27/Março - 1º FENASOFT - Feira Nacional
do Software, no Riocentro, Rio de Janeiro.
1995
- 26 - 29/Setembro - Realizado a COMNET Fenasoft
Brazil´95 no Pq. Anhembi em São Paulo,
evento internacional de telecomunicações
e redes.
Realizado
o I CONIP - Congresso Nacional de Informática
Pública, em São Paulo. Fórum
para discussão e apresentação
do uso da tecnologia da informação
no serviço público.
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